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Todo empreendedor já se deparou, em algum momento de sua trajetória, com a suposta necessidade de se contratar um advogado. A prática usualmente estabelecida, no entanto, propõe a postergação da contratação para o futuro, e isso por diversas razões, tão mais presentes quanto mais jovens os empreendimentos.
Quando tudo o que existe é a ideia, dois parceiros e apoiadores familiares ou amigos, contratar um advogado parece uma ideia irracional, pelo menos do ponto de vista econômico. Ora, se não há sequer um modelo de negócios minimamente formatado e muito menos qualquer previsão de um produto mínimo viável (ou MVP, para minimum viable product) e o advogado – pensam muitos – além de representar um custo, não pode colaborar no processo de brainstorm, inovação e "pivotagem" da ideia, para que contratar um profissional da área jurídica?
Avança-se. Agora há um modelo de negócios bem definido e o próximo passo é a formalização da sociedade. Aliás – questionam-se alguns – precisamos mesmo formalizar? Não é possível, pelo menos por hora, para equilibrar as finanças, seguir desta forma?
Eventualmente, opta-se por formalizar. Nesse momento, outras tantas questões importantes se apresentam: qual o modelo societário mais adequado? Como organizar os diversos (e, por vezes, conflitantes) interesses dos parceiros no âmbito do ato constitutivo? Seria interessante estabelecer um calendário que preveja metas a serem atingidas para que os sócios "vistam" definitivamente suas participações societárias? Qual a maneira mais eficiente de incentivar e remunerar colaboradores-chave? Como nos resguardamos (ou, pelo menos, nos protegemos) contra atitudes oportunistas de prestadores de serviço e colaboradores com relação às nossas informações confidenciais?
Todos esses pontos, ao lado de tantos outros, devem ser objeto de tratativa adequada e, talvez o mais importante, no momento adequado. O que ocorre, todavia, é que a opção por prorrogar indefinidamente a inclusão de um advogado na mesa de discussão mina ou reduz substancialmente a efetividade de procedimentos que poderiam e deveriam ter sido adotados.
Passa-se, então, da prevenção à remediação. Esta última, como a experiência sugere, traz resultados menos satisfatórios, a um maior custo e, geralmente, irradiando efeitos negativos para o plano dos negócios e até mesmo das relações pessoais.
E veja: em recente artigo publicado na Harvard Business Review (link), Erica Dhawan sublinha que contar com um advogado desde o início evita possíveis frustrações e quebras de expectativa que geralmente marcam o teor da "opinião final" do advogado, sugerindo, ao fim, que empreendedores convidem os profissionais da área jurídica a participar desde o início do processo colaborativo.
Em superando-se o senso comum, as dores de cabeça tendem a ser reduzidas, o esforço tende a ser canalizado para o que importa, de fato, e os resultados finais são mais satisfatórios para todos os envolvidos.
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